Editorial

A importância de ser bairrista

Outro dia, um grupo de estudantes de jornalismo veio ao Diário Popular conhecer a Redação. Esse assunto já foi comentado neste espaço Editorial em outra abordagem. Durante a conversa, foi dito que, para nós, Pelotas é o centro do universo. A questão arrancou risadas em um primeiro momento, mas é um ponto nevrálgico na forma como o Jornal vem sendo gerido nos últimos anos. Para nós, pouco faz sentido sermos mais um veículo falando do que acontece no mundo ou mesmo no resto do País. Com o advento do digital, são centenas de portais destrinchando a cada segundo os acontecimentos globais. No entanto, ninguém tem ou terá o olhar para Pelotas como nós. Essa é a nossa especialidade.

A mídia hiperlocal é de importância extrema. Em um mundo ultra globalizado, em que levamos poucos segundos para saber com detalhes algo que ocorreu do outro lado do planeta, é muito fácil se esquecer de olhar para o próprio umbigo. A cobertura com foco sempre no local por vezes gera matérias um tanto inusitadas, como a noticiada na página 7 de hoje falando sobre a relação do Papa, uma figura das maiores figuras públicas do mundo, com Pelotas. Foi pinçada uma conversa de um ou dois minutos dentro de um dia inteiro de trabalho da maior liderança católica. No entanto, para nós, é o que destoa.

Mas gera, também, reportagens que, sem uma mídia local, ninguém mais abordaria. Seja a cobertura do trio Bra-Far-Pel, seja a fiscalização do Poder Público. Questões como a estrutura das escolas, que foi capa duas vezes na última semana, os gastos, como da Câmara de Vereadores, caso da manchete de ontem, ou mesmo as falas e decisões dos parlamentares locais durante as sessões do Legislativo. Sem uma cobertura localizada de veículos de imprensa, pouco disso viria à tona. Não tem como esperar que apenas páginas de Instagram ou veículos de circulação estadual ou nacional consigam pegar os detalhes que uma abordagem jornalística local tenha.

Infelizmente, a Zona Sul tem apenas um veículo de circulação diária hoje, que somos nós. Para a região, há que reconhecer que isso é péssimo. A diminuição de jornais, de portais e de rádios acaba afetando todos os setores, seja na autoestima, seja na fiscalização, seja ao jogar luz para fatos específicos. Em um mundo global, a mídia hiperlocal é cada vez mais necessária para não esquecermos de que a vida acontece na rua de casa, nos bairros e nas cidades.


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Anterior

Crime ambiental

Próximo

Chance ímpar

Deixe seu comentário